24 RITMOS DE MÚSICAS BRASILEIRAS
1. Axé
Também chamado de samba reggae, o ritmo surgiu na década de
1980 em Salvador, na Bahia, nos carnavais de rua. Para acompanhar as novas
batidas de samba e os sons que surgiam a cada ano, os blocos foram
incrementando cada vez mais as suas coreografias.
2. Baião
O baião, segundo o folclorista Câmara Cascudo, associa os
termos "baiano" e "rojão", pequenos trechos musicais
executados por viola, no intervalo dos desafios entre os cantadores de
improviso. Mas o gênero consagrou-se e ganhou novas características quando o
sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga ) popularizou-o através do rádio em todo o
Brasil. É este o ritmo que predomina hoje nos forrós.
3. Bossa nova
A expressão nasceu nos anos 40, mas só ganharia força quase
uma década depois. Influenciados pelo jazz, rapazes e moças que tocavam violão
se reuniam para reuniões musicais no Rio de Janeiro. O cantor e compositor João
Gilberto é considerado seu pioneiro. Em 1958, ele gravou seu primeiro disco
simples, com as músicas "Chega de saudade" e "Bim-bom".
4. Calango
Dança de Minas Gerais, em passos de samba ou tango, na qual
se destaca um cantador que faz quadras de improviso, seguidas de um refrão cantado
por todos os presentes.
5. Carimbó
Dança de roda ao ritmo do reco-reco, do pandeiro e do
carimbó, um atabaque de cerca de um metro de comprimento, cavado num tronco.
Nesta dança, uma bailarina se coloca no centro da roda e, com movimentos
rápidos e trejeitos, procura encobrir o parceiro mais próximo com sua ampla
saia. Se não consegue, cede lugar a outra. É típica da ilha de Marajó e do
Nordeste em geral.
6. Cateretê
Remonta à época colonial, tendo surgido na zona rural do Sul
do país. Duas colunas de homens sapateiam e batem palmas ritmadas, comandadas
por um violeiro. Também é conhecido como catira.
7. Choro
O choro é um gênero musical genuinamente carioca. Em meados
do século XIX, músicos amadores começaram a formar conjuntos baseados no violão
e no cavaquinho. Com o tempo, a flauta foi admitida. O trio de instrumentos deu
origem ao choro.
8. Chula
Dança típica do Rio Grande do Sul, com origens portuguesas.
À base de sapateado, ela exige habilidade no corpo e força física nos pés.
9. Ciranda
Dança de roda para crianças. Mas no interior paulista também
é um bailado de adultos, que termina em duas rodas de pares, os homens na de
dentro e as mulheres na de fora.
10. Coco de roda
O coco, dança típica das regiões praieiras do Nordeste, tem
uma forte influência dos batuques africanos. Ele é guiado por um canto e por
palmas rítmicas dos componentes, ganzá e cuícas. Na coreografia, existem também
as marcações dos bailados indígenas dos tupis. O coco nasceu como um folguedo
da época junina, mas é dançado também em outras épocas do ano. A origem é incerta:
alguns dizem que veio da África com os escravos, e há quem defenda ser ela o
resultado do encontro entre as culturas negra e índia. Apesar de frequente no
litoral, o coco teria surgido no Quilombo dos Palmares, a partir do ritmo em
que os cocos eram quebrados para a retirada da amêndoa. A sua forma musical é
cantada, com acompanhamento de um ganzá ou pandeiro e da batida dos pés. Também
conhecido como samba, pagode ou zambê, o coco originalmente se dá em uma roda
de dançadores e tocadores, que giram e batem palmas.
11. Dança do boi
Foi a resposta dos estados do Norte para o sucesso do axé,
embora já fosse executada pelos povos nativos da região há pelo menos um
século. Procura retratar alguns elementos da natureza, entre eles os animais.
Os movimentos de braços e quadris e as coreografias peculiares a cada tipo de
música são as marcas registradas desta dança. O grupo Carrapicho foi o
responsável por sua popularização.
12. Forró
O forró surgiu no início do século XX nas casas de dança das
cidades nordestinas. Existem três estilos, marcados pelo som de zabumbas,
triângulos e sanfonas. O xote, de origem europeia e ideal para os iniciantes, é
mais lento; consiste em dar dois passos (pulinhos) para um lado e dois para o
outro. O baião é o mais rápido e exige um pouco de deslocamento. Ele foi criado
no final da década de 1940 por violeiros que queriam recuperar o lundu, ritmo
africano que fez sucesso no Brasil no século XVIII. No xaxado, os movimentos
são marcados por um dos pés batendo no chão. Sobre a origem do nome, existem
duas versões. Segundo o escritor, crítico musical e historiador José Ramos
Tinhorão, a palavra "forró" vem de "forrobodó", que
significa "confusão", "bagunça". A outra versão conta que
durante a Segunda Guerra, os Estados Unidos instalaram uma base militar em
Natal, no Rio Grande do Norte. Quinze mil soldados americanos influenciaram a
vida da população da cidade, com seus costumes e eletrodomésticos. Dizem que esses
locais em que havia bailes eram conhecidos como "for all" ("para
todos", em inglês). A população, no entanto, pronunciava
"forrol", que virou "forró".
13. Frevo
Vale transcrever a definição que Câmara Cascudo dá a essa
dança de rua e de salão: "é a grande alucinação do carnaval pernambucano.
Trata-se de uma marcha de ritmo sincopado, obsedante, violento e frenético, que
é a sua característica principal. E a multidão ondulando, nos meneios da dança,
fica a ferver. E foi dessa ideia de fervura (o povo pronuncia 'frevura',
'frever', etc.), que se criou o nome de 'frevo'." A coreografia é
improvisada e quase acrobática, executada originalmente com roupas coloridas e
uma sombrinha. Não se pode deixar de mencionar que, a partir da década de 1970,
o frevo ganhou espaço também no carnaval baiano: Caetano Veloso e Gilberto Gil
compuseram diversos frevos, a serem executados em trios elétricos.
14. Fricote
O som lembra o da lambada, mas a marcação do ritmo se
destaca mais; tem mais batucada e menos teclado, além de sopros, fraseados
musicais típicos da América Central. Não se dança de corpo colado. O fricote
nasceu no Nordeste.
15. Gafieira
Apareceu na década de 1920, nos salões cariocas de dança.
Esses lugares eram conhecidos como gafieiras, palavra que vem de gafe (segundo
os mais tarimbados, muitos freqüentadores dançavam de qualquer jeito, cometendo
uma série de gafes). O ritmo é uma mistura de samba e de chorinho.
16. Lambada
Inspirada no carimbó, dança folclórica do Pará, a lambada
surgiu na década de 1970 e fez grande sucesso na Bahia. Sofreu influência de
vários ritmos como o zouk (dança típica das Antilhas francesas), a salsa e o
merengue, entre outros ritmos caribenhos. O grupo Kaoma, depois de uma
consagradora temporada na Europa, no final da década de 1980, fez o país
inteiro dançar de pernas coladas.
17. Lundu
De origem angolana e influência hispano-árabe, o lundu é uma
atração da ilha de Marajó. Trata-se de uma dança extremamente sensual, que
esteve perto de desaparecer porque era considerada um "diabólico
folguedo" de escravos. O lundu foi o primeiro gênero afro-brasileiro de
canção popular. Originalmente era uma dança sensual praticada por negros e
mulatos em rodas de batuque, fixando-se como canção apenas no final do século
18. Posteriormente, no século 19, com harmonização erudita, chegou aos salões
das elites cariocas. Contudo, o ritmo desapareceu no início do século 20, ou
melhor, misturou-se ao tango e à polca e deu origem ao maxixe. Este apareceu
entre 1870 e 1880, como dança, e tornou-se gênero musical por volta de 1902.
18. Maracatu
Tem origem negra e religiosa. Grupos de negros acompanhavam
os reis do Congo, eleitos pelos escravos, que eram coroados nas igrejas, em que
depois faziam um batuque em homenagem à padroeira ou, em especial, a Nossa
Senhora do Rosário, padroeira dos homens negros. A tradição religiosa se perdeu
e o grupo convergiu para o carnaval, mas conservou elementos próprios,
diferentes dos de outros cordões ou blocos carnavalescos. À frente do grupo vão
rei e rainha, príncipes, embaixadores, dançarinas e indígenas. Não há enredo.
Simplesmente se desfila ao ritmo dos tambores. O ritmo surgiu em Pernambuco,
mas também se encontra em outros estados do Nordeste.
19. Maxixe
Os inventores do choro importaram, em 1844, um ritmo de
sucesso na Europa, a polca tcheca, mas não a mantiveram tal e qual. O maxixe
surgiu nos salões cariocas por volta de 1875. A execução dessa dança cheia de
malícia é difícil. Nos tempos da República Velha, os casais se balançavam para
a frente e para trás, de barriga colada, ao acordes de Chiquinha Gonzaga e
Pixinguinha.
20. Pagode
Baseando-se no samba, o carioca criou a gafieira e o
paulistano inventou o pagode. É uma reunião com muita música, dança e comida,
que aparece pela primeira vez em 1873. Mas ela ficou esquecida, só voltando com
força em 1980, durante as reuniões de boteco ou de fundo de quintal. Os
ritmistas se encontravam para fazer um sambinha cadenciado e sempre havia
aqueles que ensaiavam alguns passinhos a dois.
21. Partido alto
Roda de samba na qual se distingue um dançarino solista. A
música tem um refrão que é repetido por todos a cada quadra improvisada. Ganhou
destaque principalmente no Rio de Janeiro, para onde foi levado por negros da
Bahia.
22. Samba
A palavra é de uma língua africana chamada banto, falada na
Angola. Deriva ou do termo "samba" (bater umbigo com umbigo), ou de
"sam" (pagar) e de "ba" (receber). Nas antigas rodas de
escravos se praticava a umbigada, dança em que dois participantes davam
bordoadas um no baixo-ventre do outro. O Dia Nacional do Samba é comemorado em
2 de dezembro.
23. Xote
O xote é um ritmo mais lento, para se dançar a dois, de
origem alemã, mas que se radicou no Nordeste e mistura os passos de valsa e de
polca
24. Xaxado
Bailado masculino em que os dançarinos formam fila indiana e
dançam em círculo. Movimentos: sapateia-se três a quatro vezes com o pé
direito, deslizando-se em seguida o esquerdo, ao som da zabumba. Foi
popularizado pelos cangaceiros de Lampião, que o dançavam para comemorar
vitórias. Típico do interior pernambucano. O nome xaxado deve ser uma
onomatopeia do xá-xá-xá que faziam as alpercatas de couro ao se arrastarem no
chão. A dança, difundida por Lampião e seu bando, dispensava a presença
feminina. Segundo Luiz Gonzaga, "nessa dança, a dama é o rifle".